sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pitucão

 Foi no dia 16 de dezembro de 1998, uma sexta-feira final de expediente, esperando minha carona pra ir embora pra casa, que eu te encontrei.
Assustado dentro de uma garagem de uma casa abandonada, esperando aquele cachorro nada amigável ir embora e deixar você seguir seu caminho em paz.
Tão pequenino e indefeso e já enfrentando um perigo tão grande...até que eu cruzei seu caminho e você o  meu e assim mudamos a história de nossas vidas e de mais algumas.
Quando Dona Nilza (minha mãe) chegou pra me pegar, você já estava no meu colo, são e salvo e à caminho da sua nova casa. Claro que ao entrar no carro tentei tocar o coração de minha mãe para que você não tivesse um destino um pouco melhor, afinal deixar um bichinho na rua daquele jeito era muita crueldade não ?!!
Mesmo assim a promessa de te levar embora no dia seguinte tinha sido feita, mas tal qual aquelas promessas que a gente faz com os dedos cruzados nas costas, não cumprimos até hoje.
Aquele 16 de dezembro, não por acaso era aniversário da minha irmã mais nova, a qual viraria sua "mãe" e assim surgiu minha brilhante idéia de chegar em casa e te dar de "presente de aniversário" à ela !! Idéia de gênio !!!
Minha idéia não agradou muito minha mãe, mas minha irmã (sua mãe) ficou radiante com aquela pequena e fofa bola de pêlos cinzenta e mais do que depressa tratou de cuidar de você.
Quanta alegria você trouxe à ela, à Dona Nilza e à todos que puderam conviver com você !!
Era o gato mais conhecido da vizinhança...aquele que desfilava elegância ao atravessar a rua, que entrava na casa das vizinhas pra ganhar um carinho, uma comidinha, e espalhar sua alegria.
Você foi o gato mais tranquilo que eu conheci na minha vida...o mundo acabando do seu lado e você lá naquela paz infinita, tipo "Tô nem aí para vocês humanos estúpidos !"
Tantos gatos vieram e foram e você lá, elegante fazendo de conta que nem era com você, afinal era o rei do pedaço, o dono do lugar.
E como era lindo esse gato...macho, grande, pelagem longa e macia, andar elegante, pisando de leve.
Gostava de brincar com linhas, e a gente podia passar horas brincando...como era bom te ver.
Bolinhas de papel não eram pra você, afinal como bom gato (e macho) a preguiça era uma qualidade, e a bolinha dava muito trabalho, tinha que correr atras dela, "que brincadeira mais chata", pensava você.
O sossego era tanto que quantas vezes tínhamos que te tirar de cima do carro já na rua porque você nem se abalava de sair e correr o risco de fazer um passeio ao ar livre (o que aconteceu umas duas ou três vezes).
Vou sentir falta de ver seus olhos sendo iluminados pelo farol do carro quando chegava em casa, ou quando de manhã passava por lá, você estava a se espreguiçar, tomando um solzinho matinal e rolando na calçada esperando um carinho na barriga e uma conversa pra te elogiar e te chamar de Pitucão.
Ahhh, como vou sentir falta de "conversar" com você.
Tudo bem que só eu falava e você nem me respondia, afinal ouvir um miado seu era a coisa mais difícil do mundo...um gato que não sabia miar !!! Só miava em último caso...comida é claro !!
Como qualquer outro gato, não gostava de tomar banho, mas fora isso era um gato diferente: não miava, quase não mordia (só quando a gente assoprava e você queria morder meu nariz...rs), adorava um carinho na barriga, não tinha medo de gente ou de cachorro (só quando era filhote..rs), deixava todo mundo passar a mão nos seus pelos e gostava dos gatos que sua "mãe" arrumava pra te fazer companhia.
Pituco, Pitucão, Tchutchuco, Pitoco, Neném, Tutu...a gente inventava mil nomes pra te chamar, mas o oficial era Pituco, o irmão da Pituca.
Quem tem/teve um bichinho como parte da família, convivendo com os seus, sabe o quanto é difícil aceitar quando eles nos deixam ou que algo de mal os aconteça, porque eles não são apenas "animais" ou "bichos" eles são parte da família, parte da gente.
Eles sentem quando estamos tristes, nos alegram quando nada mais consegue isso, nos ajudam a sermos pessoas melhores, contribuem para a nossa evolução.
E quando a jornada com eles se finda, fica um vazio, uma dor, e as boas lembranças.
A sua partida foi muito triste, mas mais importante foi sua jornada conosco foi como tinha que ser: alegre, leve, cheia de mimos e muito amor !!!
Foi no dia 1º de outubro de 2011 que a sua jornada teve que ser finalizada com a gente, porque não era mais possível vê-lo sofrendo e agonizando daquele jeito...como é difícil tomar essa decisão, mas não era justo com você...
Fica em Paz Pituco...nós o amamos muito.


Texto escrito no dia 01/10/2011.

2 comentários:

Anônimo disse...

Animais são anjos disfarçados, vivem na terra para mostrar ao homem o que é fidelidade.

( Marley e eu )

Anônimo disse...

Não preciso dizer mais nada...lindo demais, obrigada, irmã.